sábado, 14 de janeiro de 2012

NOSSA VERDADEIRA EXISTÊNCIA



Nossa verdadeira existência é como o espírito, e só abandonamos o falso sentido de vida material na medida em que percebemos isto. Vemos então que a vida física, do homem, do animal e da planta não passa de um sentido enganoso da existência; aquilo que geralmente nos preocupa com as chamadas necessidades da vida material é, de fato, desnecessário; que embora todas as belezas que contemplamos apontem para uma criação de Deus, elas não são a criação espiritual e perfeita de Deus; que as aparências de doença, de envelhecimento e morte não fazem absolutamente parte da
vida real. Quando atingimos este estado de consciência, começamos a ter vislumbres da eterna existência espiritual, intocada pelas condições materiais ou pensamentos mortais. Quando damos as costas para o mundo sensorial, que podemos ver, ouvir, cheirar, saborear e apalpar, temos visões inspiradas que nos mostram a terra como criação de Deus.
No trabalho de cura, temos de dar as costas para o mundo físico, assim como o vemos. Temos de lembrar que não fomos chamados para curá-lo, para mudá-lo, para corrigi-lo ou salvá-lo; temos de perceber, antes de mais nada, que ele existe só como uma ilusão, como um sentido da vida totalmente falso. E deste ponto elevado de consciência, nós olhamos, através do sentido espiritual, para a "casa que não foi construída com as mãos, eterna no céu".
Temos o hábito de considerar certas pessoas como bons provedores, bons merecedores, bons vendedores ou curadores. Entendamos isso corretamente. Nunca é uma pessoa, e sim um estado de consciência, que cura, que regenera, que pinta, escreve ou compõe. O estado de consciência se manifesta a nós como pessoa por causa do conceito finito que temos de Deus e do homem. Ficamos com freqüência desapontados quando alguém não corresponde ao quadro que formamos dele. E isto porque lhe atribuímos as boas qualidades de consciência; e quando a pessoa não preenche tais qualidades, que nós acreditamos erroneamente serem sua personalidade, sofremos. Na Bíblia, nos deparamos com as figuras de Moisés, de Isaías, de Jesus e de Paulo. Percebemos que Moisés representa o estado de consciência chefe, ou liderança; Isaías nos apresenta a profecia; Jesus mostra a consciência messiânica, ou a Graça da salvação e da cura; e Paulo traz a
consciência do mensageiro, do pregador ou mestre. Contudo, sempre se trata de um estado de consciência específica que se manifesta a nós como homem. George Washington representa certamente a consciência da integridade nacional; Abraham Lincoln, a consciência da integridade e da igualdade individuais.
Pensando em nós mesmos, esqueçamos nossa natureza humana com suas qualidades humanas e tentemos compreender o que nós representamos como consciência, para então perceber que esta consciência que se expressa como nós é também o que nos mantém e faz prosperar nosso empenho. O fracasso ocorre freqüentemente por causa da descrença de que nós somos a expressão de Deus, ou da Vida, ou da Inteligência ou das qualidades divinas. Isso nunca é verdade. Deus, ou a
Consciência, expressa eternamente a Si mesmo e Suas qualidades. A consciência, a vida, o Espírito, nunca pode falhar. Nossa tarefa é aprender a relaxar e deixar que nossa Alma se manifeste. O egoísmo é a tentativa de ser ou de fazer algo pelo esforço pessoal físico ou mental. O não nos preocupar é nos privar do pensamento consciente e deixar que as idéias divinas preencham nossa consciência. Uma vez que somos Consciência espiritual individual, podemos sempre confiar que a
Consciência realize a Si mesma e à Sua missão. Somos expectadores e testemunhas desta divina atividade da Vida que realiza e manifesta a Si mesma. Cada vez mais devemos nos tornar expectadores ou testemunhas. Temos de ser observadores da Vida e Sua harmonia. A cada manhã temos de acordar ansiosos para ver um novo dia que revele
e desdobre, a cada hora, novas alegrias e vitórias. Diversas vezes por dia temos de perceber conscientemente que estamos testemunhando a revelação da Vida eterna, o desdobramento da Consciência e de Suas infinitas manifestações, da atividade do Espírito e de Suas grandiosas formas. Em cada situação do nosso dia-a-dia, aprendamos a ficar por trás de nós mesmos e ver Deus ao trabalho, testemunhar a ação do Amor nas nossas vicissitudes e esperar que Deus Se revele em
tudo que nos rodeia.
Temos de perceber, toda noite, que o nosso descanso não nos leva a uma interrupção da atividade de Deus sobre nossa vida, mas que o Amor é a influência protetora e a substância do próprio descanso, que a Consciência nos transmite suas idéias mesmo durante o sono, que o Princípio é a lei que nos guia durante a noite toda. Nada de externo pode penetrar em nossa consciência para nos perturbar, e esta verdade fica de sentinela ao portal de nossa mente, para permitir o acesso só à realidade e suas harmonias. Sejamos observadores, testemunhas; vejamos o desvelar-se do Cristo na nossa consciência.
Há um estado de guerra permanente entre a carne e o Espírito, e isso continuará enquanto mantivermos o sentido de identificação corpórea, mesmo pequeno. A tentativa de trazer o Espírito e suas leis para atuar sobre as concepções materiais, é o que constitui esta guerra, e a paz só poderá ser alcançada quando o sentido material do universo e corporal do homem tiverem sido superados.
Observe com quanta freqüência tentamos aplicar alguma verdade metafísica a algum problema humano, e descobrirá os motivos do conflito dentro de você. Nosso verdadeiro intento é mais a obtenção da harmonia espiritual do que a continuidade do enfoque material da existência, com mais facilidades e conforto.
Nos momentos iniciais de nossa busca da Verdade, não tínhamos provavelmente outra preocupação que não curar um corpo doente, fazer um pobre mais próspero ou transformar um pecador em alguém ético. Não há dúvida de que, ao nos tornarmos um praticante ou mestre de consciência espiritual, parecíamos ter atingido esta finalidade, e por algum tempo continuamos a "usar" a Verdade, ou Deus, para direcionar nossa concepção material do homem e do mundo.
Foi só com a continuação de nossos estudos e da meditação que nos apercebemos do conflito interior. Nos regozijamos com momentos de grande elevação; nós caímos no vale da incerteza; conseguimos vitórias e amargamos fracassos; oscilamos entre as aparências de bem e de mal, sucesso e fracasso, espiritualidade e mortalidade, saúde e doença. Este é o conflito interior que se evidencia como uma guerra entre a carne e o Espírito. E isso só terminará quando abandonarmos o
conceito de mortalidade e a identificação corporal para alcançarmos a consciência da existência espiritual.
"Meu reino não é deste mundo" representa o fundamento da construção de uma nova e mais alta consciência. A vontade e a capacidade de olharmos para além do sentido material de pessoa e coisa, e de perceber o homem e o universo da criação de Deus, são fatos essenciais. Ganhar mais dinheiro não é suprimento espiritual; poupar mais não significa segurança; saúde
física não é necessariamente a base de vida eterna: tudo isso constitui meramente uma crença humana melhorada.
O estudioso avançado abandonará aos poucos sua tentativa de melhorar crenças ou aspectos humanos, para que a verdade da existência espiritual possa desabrochar em sua consciência. O reino espiritual é a fonte da saúde que é, na verdade, a eterna harmonia do ser; é uma consciência de suprimento sem limites, e que é obtido sem esforço. Lembre-se, contudo, de que não estamos associando novamente Deus, ou o Espírito, com o conceito humano de saúde e suprimento.
Estamos, antes, entrando numa concepção espiritual de saúde e suprimento. Até aqui, nossos esforços foram na direção de manifestar maior harmonia e domínio em nossos negócios terrenos. É verdade que esta consciência de ser celestial parece resultar num viver humano mais harmonioso, mas estas são "as coisas dadas de acréscimo", conseqüência da busca do céu e de sua justiça. E será visto como sendo muito diferente do conceito humano de bondade, e este conceito mais elevado é o
que devemos estar buscando.
"Meus pensamentos não são os teus pensamentos e os meus caminhos não são os teus caminhos." Por esta razão não tentamos ter mais ou melhores pensamentos humanos, ou tornar nossos caminhos humanos mais planos. Na verdade estamos buscando aprender os pensamentos de Deus e o caminho de Deus.
Nesse estágio de desenvolvimento, sentimos a necessidade de nos desfazer das preocupações com nossa pessoa e com o nosso bem-estar. Aprendemos que os cuidados com nosso bem-estar são como construir sobre areia, enquanto uma vida voltada para a busca da Verdade é como uma base de sólida rocha sobre a qual podemos construir o templo eterno da vida. Encontramos felicidade e prosperidade permanentes quando temos um princípio ou uma causa a que podemos nos devotar. Assim encontramos menor escala da personalidade em nossa existência, e, por isso mesmo, deixamos espaço para a revelação e o desdobramento do nosso divino Eu. Nesse Eu encontramos nossa completeza e a infinitude de nosso ser. Aqui também descobrimos a razão de nossa existência. Deus criou o mundo e tudo o que nele existe. O que nós observamos através dos sentidos não é o mundo, mas uma imagem finita e falsa do mundo que Deus criou. À medida que nos elevamos em termos de consciência, começamos a perceber o universo espiritual e um pouco de sua finalidade.
Aquele que encontrou seu Eu profundo, descobre que é um com todos os homens, animais e coisas. Ele sabe agora que aquilo que afeta um, afeta todos.

(...) À medida que percebemos nossa unidade, ou unicidade com toda a criação, nos tornamos mais amáveis, gentis, pacientes e compreensivos. Só então cumprimos o grande ensinamento "Ama teu próximo como a ti mesmo" e só então temos um vislumbre do reino de Deus, do templo "não construído com as mãos", do homem e do universo criados por Deus. E é a este homem espiritual, o homem criado por Deus, que foi dado o domínio sobre toda a terra.
Não há mistério algum, referente à vida interior, exceto o mistério da natureza divina. Todos os que pensam estão preocupados com seu bem-estar, com o bem-estar da família e da comunidade, do seu país ou mesmo do mundo. Contudo, a experiência logo os convence de que não há esperança para a humanidade nas pessoas ou nos poderes deste mundo. Os homens são por demais egoístas.
No geral, estão demais ocupados e preocupados com seus próprios interesses para serem totalmente altruístas em sua atitude diante do mundo. Os mais ambiciosos são com freqüência aquinhoados com talento físico ou mental superiores,
e logo se sentam no trono dos poderosos e o mundo é então liderado por estes, que carecem de integridade e de amor. Os políticos raramente se elevam acima de seu próprio egoísmo, e o eventual homem estadista perde-se neste quadro.
Aqui e acolá, pelo mundo afora, existem homens e mulheres inspirados que anseiam pela vinda do dia em que os homens se irmanarão. Seu coração se condói pelo constante ridículo a que são expostos os homens de boa vontade e pelo sucesso dos embriagados pelo poder e dos ávidos de dinheiro, que se repetem a cada geração. Estes nobres visionários são levados de um lado para outro, entre a sua esperança de progresso da humanidade e a percepção da futilidade da superação
das forças malignas que atuam no pensamento humano. Talvez a mesma pergunta ocorra a todos:
Não haverá um poder para pôr um paradeiro a este reino do mal, para sustar as guerras, para evitar a fome e as pragas? Será o homem desamparado diante dos quatro cavaleiros do Apocalipse?
A busca de libertação das provas e das atribulações da vida humana já foi iniciada. Na verdade, trata-se da busca de Deus, e ela começa em qualquer condição de consciência em que o indivíduo possa estar. Se ele tiver um forte sentido religioso, com o suporte de uma Igreja, pode encontrar o Poder na fé recíproca, em algum credo ou dogma ou alguma forma específica de adoração. O intelectual buscará, sem dúvida, o Poder no campo da filosofia, ou em um dos ensinamentos
religiosos filosóficos. Mais recentemente, a busca pode se orientar para os ensinamentos metafísicos ou para as práticas orientais de yôga. Sem dúvida, muitos irão passar de um estágio para outro, sempre buscando Deus ou o Poder que possa pôr um basta ao reino da mortalidade. Mas um dia, no nosso interior, algo acontece. A consciência se expande e vê aquilo que antes era invisível. Sentimos um fluxo de calor: uma Presença, antes desconhecida, torna-se tangível, muito real. Isto, muitas vezes, é uma experiência fugaz. Podemos mesmo duvidar que ela tenha ocorrido. Subsiste na memória, mais como um sonho do que como uma realidade, até que se repita, e desta vez com mais clareza, mais definição, e, talvez, por um tempo maior. Aos poucos se fixa na nossa consciência a percepção de uma Presença constante. Esta Presença pode ser sentida como que furtiva por trás da consciência ordinária. Por vezes se torna uma Presença imperiosa, que domina a
situação ou a experiência daquele instante.
Nesse momento, contudo, o mal se torna menos real; a doença não é tão aguda; a tensão financeira e mesmo a necessidade cedem caminho para a suficiência; a preocupação consigo mesmo desaparece, pois as necessidades são satisfeitas sem aflições, sem que planejemos, sem que nos aborreçamos ou temamos. As pessoas ou os poderes que antes temíamos, se esvanecem agora da vista, ou até desaparecem da nossa vida, ou então são vistas em sua impotência. Os desejos se fazem menos pungentes. Os medos se esvaem. Segurança, confiança, atenção e entusiasmo se tornam evidentes, não apenas para nós mesmos, mas também para aqueles que encontramos e com quem lidamos na vida quotidiana. A Presença interior torna-se também um Poder interior. De uma experiência fugaz, transforma-se em consciência contínua. A força da dor e do prazer na vida externa diminui, enquanto nos tornamos cientes de um poder interior que é real, e que gera e direciona a vida externa de modo harmonioso e proveitoso. Não há mais o medo do mundo exterior, nem há o prazer intenso nas alegrias do mundo exterior. É possível ter os prazeres do mundo e se alegrar com eles, ou não tê-los e não lhes sentir a falta. O que passa a existir, é uma alegria interior que não precisa de
estímulos externos.
Nesse estado de consciência, reconhecemos Deus como sendo a luz interior ou, no mínimo, sentimos esta luz como uma emanação de Deus. Deus é sentido como uma Presença divina, ou uma Influência interna. E é sentido por aqueles que entram em contato com o homem que encontrou seu Eu profundo. Reflete-se na sua saúde e no seu sucesso. Irradia dele como os raios irradiam do sol. Encontrando sua vida interior, o homem encontra a paz, a alegria, a harmonia e a segurança.
Mesmo em meio a um mundo tão decadente, ele permanece indiferente e intacto — é a exata presença do Ser imortal.
Quando não mais estamos limitados pelos cinco sentidos materiais e alcançamos, mesmo em parte, o sentido espiritual, ou a Cristo-consciência, nós não mais nos sentimos limitados pelos termos aqui ou acolá, agora ou depois. O que há é um entrar e sair sem qualquer sentido de espaço e de tempo, um desdobrar-se sem graduações, uma percepção sem um objeto. Nesse estado de consciência, desaparece o sentido de finitude, e a visão se torna sem fronteiras. A vida é vista e compreendida como uma forma totalmente liberta e de beleza infinita. Mesmo a sabedoria milenar será abarcada em instantes. A morte desaparece, e vemos novamente aqueles que foram separados de nós por esta barreira tida como intransponível. Esta comunhão não é a comunicação como é entendida nos ensinamentos espíritas; é antes uma conscientização da vida eterna, intocada pela morte. É a realidade da imortalidade que é percebida e compreendida; é uma
visão da vida sem começo nem fim. É a realidade trazida à luz. Nesse estado, não há barreiras físicas de espaço e de tempo. A visão abarca todo o Universo; funde o tempo e a eternidade; inclui todos os seres.
Nessa luz, vemos não com os olhos; ouvimos sem os ouvidos; compreendemos coisas que desconhecíamos. Onde nós estamos, Deus está, pois não há mais separação ou divisão. Aqui não há recompensas ou punições. Há harmonia. A vida não depende de um processo; nós não vivemos só do pão. Temos a sensação de espreitar para o céu e ver o que olhos mortais não podem ver. O sentido espiritual não está ligado a bens humanos; porém, esta Cristo-consciência revela a
harmonia do ser que se apresenta como nossa experiência humana e de forma utilizável em nossas condições atuais. Embora o "meu reino não é deste mundo", "vosso Pai sabe que precisais destas coisas" e Ele supre nossos desejos antes mesmo que lho façamos. ...e disse para Seus discípulos: "Portanto vos digo: não andeis preocupados com
a vossa vida, pelo que haveis de comer; nem com o vosso corpo, pelo que haveis de vestir.
A vida vale mais que o sustento e o corpo mais que as vestes.

Joel Goldsmith, in O Caminho do Infinito
 
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Fonte : http://claudiovelasco.ning.com/profiles/blogs/nossa-verdadeira-existencia

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