Publicado em outubro 18, 2011 por Pedro Michepud     
É  comum na vida, em certas circunstâncias, que nos vejamos forçados a  agir de forma oposta às nossas preferências. Na realidade, vez por outra  somos levados por determinados interesses, mesmo quando não estamos de  acordo, apenas porque imaginamos que todas as outras pessoas concordam.Nesse caso, surgem os acordos apressados, que contrariam  nossos verdadeiros propósitos. Isso pode ser visto nas empresas, nos  espaços sociais, enfim onde haja tomadas de decisões em grupos, etc.
Um exemplo típico é o da narrativa que se segue: O Paradoxo de Abilene.
“Numa tarde muito quente de verão, no Texas, a família  encalorada e entediada passava o tempo junto ao ventilador, tomando  limonada gelada e jogando dominó. De repente, meu sogro falou com  entusiasmo: Vamos pegar o carro e ir até Abilene, e jantar lá na  cafeteria? A proposta pegou-me de surpresa, pensei de imediato: Ir até  Abilene? Viajar 53 milhas nessa nuvem de poeira, neste calor, sem  ar-condicionado no carro, e a cafeteria nem é lá essas coisas?
Antes que pudesse organizar melhor meus pensamentos  para uma resposta adequada, minha mulher falou: Parece uma boa ideia. Eu  gostaria de ir. Que é que você acha, Jerry? Respondi: Parece bom para  mim. Espero que sua mãe queira ir. É claro que eu quero ir, não vou a  Abilene há um tempão. Por que você pensa que eu não queria ir? Respondeu  minha sogra.
E assim fomos. Minhas piores previsões se confirmaram.
Cerca de quatro horas e 106 milhas depois, quando  voltamos, mais ainda encalorados e cansados, ficamos sentados em  silêncio diante do ventilador. Então, querendo quebrar o incômodo  silêncio e tentar ser sociável, falei: Foi um bom passeio, não foi?  Ninguém respondeu.
Finalmente minha sogra disse: Para falar a verdade, eu  não gostei nada e preferiria ter ficado aqui. Eu só fui porque vocês  três estavam tão entusiasmados… Eu não teria ido se vocês não tivessem  pressionado.
Eu não podia acreditar no que estava ouvindo!  Retruquei: Não me ponha no grupo de vocês. Eu estava bem como estava, eu  não queria ir. Só fui para satisfazer vocês. Vocês são os culpados.
Minha mulher parecia chocada. Não me chame de culpada.  Você, papai e mamãe é que queriam ir. Eu só fui para ser sociável e  agradar vocês. Eu seria uma louca se quisesse sair num calor desses.  Você não acha que eu não sou louca, não é? Antes que eu pudesse reagir,  meu sogro exclamou uma palavra profana e esclareceu: Eu nunca quis ir a  Abilene, eu só queria animar um pouco a conversa. Pensei que vocês  estariam entediados e senti que deveria dizer ou fazer alguma coisa. Não  queria que você e Jerry tivessem uma estada monótona, queria que  aproveitassem bem a visita que é rara. Mamãe ficaria aborrecida se vocês  não se divertissem. Pessoalmente, eu teria preferido jogar outra  partida de dominó e comer algumas sobras da geladeira.
Após a rodada inicial de recriminações, ficamos  sentados em silêncio. Estávamos ali, quatro pessoas razoavelmente  sensíveis que, de nossa livre e espontânea vontade, acabavam de  empreender uma viagem de 106 milhas por um deserto com temperaturas  infernais, através de uma espécie de tempestade de areia, para comer uma  comida intragável numa cafeteria vulgar em Abilene, Texas, quando  nenhum de nós queria ir!
Tínhamos feito justamente o oposto do que queríamos  fazer! A situação toda parecia ser paradoxal. Simplesmente não fazia  sentido. Pelo menos naquele momento.”
Paz e Luz!
Tenório  Lucena
Fonte : Sabedoria Universal 
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