O Espírito Cárita teve um papel relevante durante a elaboração doutrinária do Espiritismo. Legou-nos em O Evangelho Segundo o Espiritismo e na Revista Espírita,  de Allan Kardec, mensagens profundas e enternecedoras, conclamando as  pessoas à prática do amor e da caridade, virtudes ensinadas e fielmente  exemplificadas por Jesus, infalíveis no combate às causas das misérias  humanas: o orgulho e o egoísmo.
Não se tem muitas informações sobre o  Espírito Cárita (ou Cáritas, como é também conhecido), mesmo porque,  simbolizando a Caridade, haveria de proceder realmente com muita  humildade e discrição quanto à sua identidade.
O Evangelho Segundo o Espiritismo reproduz  em seu Capítulo XIII, ítens 13 e 14, duas das suas empolgantes  mensagens, recebidas na cidade de Lião, no ano de 1861. A primeira delas  encerra-se dessa forma:
“Convido-vos para um grande  banquete e forneço a árvore onde todos vos saciareis! Vede quanto é  bela, como está carregada de flores e de frutos! Ide, ide, colhei,  apanhai todos os frutos dessa magnificente árvore que se chama a  beneficência. No lugar dos ramos que lhe tirardes, atarei todas as boas  ações que praticardes e levarei a árvore a Deus, que a carregará de  novo, porquanto a beneficência é inexaurível. Acompanhai-me, pois, meus  amigos, a fim de que eu vos conte entre os que se arrolam sob a minha  bandeira. Nada temais; eu vos conduzirei pelo caminho da salvação,  porque sou - a Caridade”.
A Revista Espírita publicou cinco  mensagens dessa notável entidade espiritual, com idêntica qualidade: RE  1862 - págs. 52 e 154; RE 1864 - pág. 346; RE 1865 - pág. 365, e RE 1867  - pág.128.
Na primeira mensagem divulgada pela  Revista, Allan Kardec informa que a autora espiritual foi evocada na  Sociedade Espírita de Paris, quando revelou ter sido Santa Irene,  Imperatriz.
Em 1875 foi publicado em Bordeaux,  França, o livro “Rayonnements de la Vie Spirituelle” contendo cerca de  183 comunicações mediúnicas, assinadas por eminentes Espíritos, que, em  vida, marcaram indelevelmente a nossa história, nos mais diversos  segmentos da cultura humana.
Entre estes, podemos citar Delphine de  Girardin, Alfred de Musset e Alexandre Dumas, escritores franceses;  Giocchino Rossini, compositor italiano; Charles Fourier, filósofo e  economista francês; Blaise Pascal, matemático, físico, filósofo e  escritor francês; Paracelso, alquimista e médico suíço, entre vários  outros.
Também constam desse livro, cujo  conhecimento devemos buscar, uma comunicação de Allan Kardec (Espírito) e  cinco do Espírito de Verdade, guia espiritual do Codificador. Comparece  aí, igualmente, nada mais nada menos que o Espírito Cárita, para  brindar-nos com três mensagens, entre as quais está a sublime e  incomparável Prece de Cárita, recebida em 25 de dezembro de 1873.
Importante, querido leitor, é sabermos  que, graças à generosidade do Bom Deus e ao esforço da Editora CELD, o  referido livro foi traduzido e publicado no Brasil em 2002, com o título  “Reflexos da Vida Espiritual”.
Em a nota número 40 da obra traduzida  há a informação que Irene realmente existiu como Imperatriz de Bizâncio,  nascida em Atenas em 752 e desencarnada em Lesbos, em 803. Por sua  devoção e fé foi canonizada pela Igreja Ortodoxa, sendo elevada,  portanto, à condição de Santa.
Há informações, por outro lado, que  existiu no século IV uma Irene da Tessalônica, que se tornou uma santa  grega, tendo sido martirizada pelo Imperador Diocleciano, o mais  sanguinário perseguidor dos cristãos. (V. Site Wikipedia).
Comunicações como as que estamos  reportando, vêm, naturalmente, através de médiuns portadores de grandeza  moral. Na situação presente não foi diferente. A pessoa que, na  condição de médium, recepcionou todas elas foi a Sra. W. Krell, de  Bordeaux, França, excelente médium, que contribuiu, com o seu suporte  mediúnico, para o advento da Doutrina Espírita, não só em relação às  mensagens de Cárita, insertas na Revista Espírita e no Evangelho Segundo  o Espiritismo, mas, outrossim, com referência às do Espírito de  Verdade, que Kardec aprovou e reproduziu nas obras básicas.
Pouco se sabe sobre esta médium, o que  é muito natural, haja vista que o próprio Codificador tinha por costume  identificar os médiuns pelo prenome e, muitas vezes só por iniciais,  quando não omitia o nome, tudo isso para atender os seus desejos ou para  preservá-los de perseguições.
Segundo Jesus, conhece-se a árvore  pelos frutos. O importante mesmo é que a grandeza das mensagens diz tudo  sobre a excelsitude moral dos autores, cujas presenças junto à médium  respaldam também a beleza moral desta. Isso já é suficiente para  confiarmos no trabalho dos Espíritos e da médium, sendo irrelevantes os  outros detalhes, na nossa modesta opinião.
Osvaldo Ourives 
EM BUSCA DA PLENITUDE 
Publicado no Kardec Online
Nenhum comentário:
Postar um comentário