Um ódio impotente leva a pessoa ao ressentimento, um estado de espírito autodestrutivo, mórbido.
A violência desencadeada pelo ódio, porém, tem várias formas de manifestação: pode ser refreada dentro do indivíduo, causando irritação temporária, ou um ressentimento crônico. Pode explodir em agressividade ou converter-se em conspiração a longo prazo para uma vingança sangrenta. Mas, mesmo quando não chega a se exteriorizar, o ódio é um sentimento que leva ao comportamento hostil e à ação destrutiva.
Qualquer pessoa está sujeita a se deixar dominar pelo ódio, seja qual for o motivo que o desencadeia: a ira justa (em princípio) do homem cujas liberdades básicas foram violadas; a violência irracional da pessoa que, sem motivos reais, nutre um sentimento de perseguição; ou a simples raiva transitória provocada por contratempos.
A ira é uma emoção que surge quando algum obstáculo (ou alguém) se interpõe entre o indivíduo e a realização de um desejo ou projeto. Isso provoca uma resposta agressiva da pessoa, visando destruir ou superar esse obstáculo. Mas tal agressividade, muitas vezes, tem de ser contida, pois as normas sociais ou a própria fraqueza do indivíduo não permitem sua exteriorização. Se a pessoa não se conforma com isso, passará a alimentar um desejo obsessivo de vingança que tem um nome especial: ódio.
Para alimentar seu ódio, o indivíduo procura um "culpado" para a frustração sofrida e canaliza para ele todo o seu rancor. Dependendo de suas características de personalidade e da situação particular em que se encontra no momento, cada pessoa reage de modo específico quando é tomada pelo sentimento de ódio.
De modo geral, as pessoas controlam suas explosões de violência porque sabem que uma atitude intempestiva pode trazer conseqüências mais sérias do que a ofensa sofrida, ou imaginam que isso possa ocorrer. A pressão dos valores sociais e o medo do ridículo também podem inibir uma atitude agressiva.
Em certas pessoas, porém, o controle dos sentimentos de ódio é dificultado por distúrbios de personalidade. Nos paranóicos, por exemplo, a hostilidade é mascarada por um mecanismo que se costuma chamar de projeção. Por meio desse mecanismo, o paranóico concentra sua agressividade em alguém, mas se coloca como sendo a vítima: é esse "alguém que o odeia", são "eles" que lhe querem mal. Já o psicopata parece conservar as reações infantis diante do ódio. Tal como as crianças, tende a ser incapaz de conter seus impulsos violentos toda vez que sofre uma frustração.
Quando, em vez de explodir em forma de ação violenta, o ódio permanece latente, sem nunca adquirir expressão ativa, ele acaba causando sérios danos à saúde física e psíquica do indivíduo. Já se comprovou que sentimentos intensos de hostilidade são acompanhados de transformações fisiológicas que podem provocar sérias doenças no organismo de uma pessoa. Os efeitos do ódio crônico - que é alimentado ao longo do tempo - sobre a mente e as emoções do indivíduo que odeia podem ser igualmente destrutivos.
Inúmeras doenças psíquicas estão diretamente relacionadas com emoções reprimidas.
Através de toda a história, o homem tem-se destruído por ignorância de sua própria natureza, e tem procurado preencher esse hiato com fantasias utópicas a respeito de como gostaria de ser, em vez de enfrentar a realidade e procurar "conhecer a si mesmo". Atribuir aos outros a culpa de nossas próprias frustrações, sejam eles indivíduos próximos ou coletividades, de nada adianta, pois isso poderá nos colocar num beco sem saída.
Fonte-www.stum.com.
Frederic Delarue - Reflection
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