Publicado em novembro 23, 2011 por Pedro Michepud
Discursando sobre conexão e espiritualidade, o filósofo Tom Morris, em A nova alma do negócio (1998), nos chama a atenção para a interligação dos acontecimentos com a espiritualidade, nos alertando para nossa forma individualizada de ver e pensar o mundo.
Assim, ele aponta uma direção, nos chamando a assumir nossa responsabilidade no processo de construção de uma sociedade melhor, que acontecerá quando conseguirmos enxergar a interdependencia dos acontecimentos com nossas atitudes e ações.
Vamos à leitura?
A essência da espiritualidade é a conexão. O alvo definitivo da dimensão espiritual é a unidade: conexão ou integração íntima entre nossos pensamentos e nossas ações, entre nossas crenças e emoções, entre nós e os outros, entre os seres humanos e o restante da natureza, entre tudo da natureza e a fonte da natureza. Conexão ilimitada. Unidade definitiva.
Infelizmente vivemos em uma época de grande desunião e desconexão entre as pessoas e suas comunidades, entre raças, dentro das famílias, entre o cidadão comum e seus processos e representantes políticos, entre as pessoas em cargos de governo, entre departamentos da mesma empresa, entre professores e diretores, médicos e enfermeiras, segurados e seguradores, gerência e mão-de-obra. A alienação e a mentalidade adversária estão em todo lugar. Não é um estado espiritual. Ao contrário, é a antítese do que a espiritualidade aspira a realizar.
A filosofia indiana e o pensamento hindu enfatizam a unidade de todas as coisas. O judaísmo proclama a importância da unidade fraterna. O Novo Testamento diz sobre Jesus Cristo: “Nele estão todas as coisas”. Até os avanços da física moderna voltam repetidamente ao tema da unidade fundamental que constitui todas as coisas no mundo. Mas se não vivemos essa unidade em nossos escritórios, em nossas famílias ou até em nossa própria consciência pessoal no nível pragmático do dia-a-dia, o que está errado? E o que podemos fazer para corrigi-lo?
Para ver a conexão que existe à nossa volta, sob a superfície das aparências, precisamos nos libertar da ilusão da autonomia individual absoluta. O mundo moderno encoraja-nos a buscar nossa própria sorte, descobrir nossos próprios talentos e criar nosso futuro. (…) Fomos estimulados a pensar predominantemente, ou até exclusivamente, em nossas necessidades e nossos desejos pessoais. Na melhor das hipóteses, pensamos em nossas famílias imediatas como uma unidade cujo bem-estar, pelo menos em princípio, é relativamente independente da sorte e do futuro de todo o restante das pessoas que nos cercam.
Na vida, é sempre muito fácil focalizar as partes mais imediatas de um processo ou entidade abrangente, negligenciando o todo. Concentramo-nos em nossas carreiras e não as consideramos o suficiente no contexto de nossa vida como um todo ou cultivamos um relacionamento sem considerar o impacto que pode exercer sobre a totalidade do que valorizamos e amamos. Confrontamos uma decisão e focalizamos o problema sem pensar nas conexões que relacionam uma situação especifica e o conjunto total de relacionamentos que a sustentam.
A fragmentação e a falsa noção de autonomia são doenças modernas do pensamento e do sentimento. Ignoramos facilmente o insight do antigo provérbio africano que nos lembra que a chuva nunca cai sobre uma única casa. O que afeta um de nós afeta muitos. Todos estamos interconectados em nosso passado, em nosso presente e em nosso futuro. Somos basicamente seres sociais que dependem da comunidade mesmo quando negligenciamos reconhecer essas raízes fundamentais. (…)
Luz para a evolução da nossa consciência.
Tenório Lucena
Fonte : http://sabedoriauniversal.wordpress.com/
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