sábado, 30 de julho de 2011

DESFAZENDO OS NÓS II – SENTIR, VIBRAR E SER

Em que se baseia a experiência humana? O que o humano percebe ao redor, no que o cerca?
Sentir, Vibrar e Ser. Assim podem ser chamados três modi operandi através dos quais as consciências nesta experiência de encarnação contatam e interagem com o mundo – ou mundos - interior e exterior, ou com a própria realidade, ou ainda com algo que está nisto e além disto.
O sentir sem dúvida marcou e marca ainda a linha pela qual a maior parte das consciências neste planeta opera. O sentir, seja ele em nível emocional, físico ou mental, tem sido o grande ditador desta humanidade. Isto era esperado de certa forma, e nada mais natural visto os elementos que condicionam o próprio desenvolvimento da consciência humana.
Sim, estamos aqui a tratar do nível humano, pois é neste nível que se situa o sentir. Por definição o sentir, em qualquer nível, evoca dualidade. Parem e observem o mecanismo, o mais simples que seja, do sentir em vossos corpos físicos, mais facilmente observável. A pele se arrepia ao toque da brisa gélida. Formulem a experiência no campo mental, e vocês terão um banho de vários elementos duais, conceitos, projeções, memórias. Todo sentir está alicerçado sobre aparelhos dualistas de percepção, e deles faz uso à vontade, com direito. O sentir está presente em todos os âmbitos da esfera consciencial humana, deste os mais instintivos aos ditos espirituais. Mesmo nos seres que podem ser considerados com algum grau de despertar o sentir ainda mantem certas rédeas, algo que não é condenável, ou condenado, mas apenas que precisa ser visto com Clareza.
O sentir é um mau conduto da Essência, no entanto, pois a distorce sempre e invariavelmente. Imaginem o sentir (sensações, sentimentos, racionalizações, intuições, etc) como um espelho trincado, refletindo a imagem do Real, mas com muitas imperfeições, desfigurando ao ponto do irreconhecível o que sobre ele é projetado.
À medida que a Consciência vai abandonando as esferas humanas, à medida que o ser consegue lançar seu olhar para além dos limites de seu próprio sentir, quando ele considera uma Realidade mais ampla, um Algo desconhecido e aparentemente intocável, ao menos com seus parcos instrumentos de percepção, quando o ser olha para o que tem e humildemente aceita que o que quer que possua não é o bastante para atingir aquele Algo, quando abandona mesmo o desejo da busca de possuir também aquele Algo. Quando este Algo deixa de ser um alvo, um troféu, e passa a ser o alento da Consciência, seu objeto de contemplação, então ativa-se na Consciência, pelo rasgar de certos véus, de certas identificações, um outro aparelho de experimentação, outro aparelho de percepção e interação: o Vibrar.
O Vibrar foge à esfera do sentir, embora casualmente possa estar aliado a um sentir (uma vez que os corpos podem reagir – ora este é seu modus operandi – à Vibração). O Vibrar é o reflexo mais puro da Essência, da própria Consciência. O Vibrar, por não poder ser intelectualizado, por não poder ser encaixado num esquema conhecido, por não poder ser medido e analisado, ele reflete e conduz a Consciência a si mesma.
Neste nível há uma mudança radical de paradigma, digamos. Pois neste nível o foco através do qual o ser observa, o foco com o qual se identifica, muda. Os limites que antes ditavam seu comportamento, suas atitudes, suas reações dentro da forma social, estes limites são ultrapassados, transmutados. No Vibrar então revela-se ao ser algumas etapas, etapas conhecidas no Ocidente e no Oriente, em suas diversas culturas e tradições, por diferentes nomes, que o seja, Samadhi, Nirvana, Êxtase. O Vibrar, estes estados, possuem algumas etapas, níveis de manifestação, marcadores, enfim. Entre outros, podemos enumerar a Paz, o Som, o Fogo, a Alegria, o Silêncio. Todos estes e outros ainda mais, são expressões da Consciência que é Vibração.
Neste ponto, nestes estados de Consciência muitas são as revelações, cada momento é prenhe de inusitados. Ao ser se revela pouco a pouco, embora atualmente tudo isto esteja a ritmo acelerado, sua Realidade mais íntima. Não a realidade da casca, não o que está circunscrito no limite, ao menos não diretamente, mas o que se acha fora daqueles limites, o inimaginável.
Neste nível, o Vibrar, para a consciência humana encarnada há fortes basculamentos. Reversões abruptas e avassaladoras. Dependendo da resposta que o ser dá aos impulsos recebidos de seus níveis internos tais reversões podem ser vividas em maior ou menor doçura, mas uma doçura sempre ardente, escaldante. Em verdade, todo o fogo fricativo, o fogo de atrito, vai sendo transmutado, elevado, transubstanciado. Estes são movimentos de grande intensidade, verdadeiras bombas atômicas, e nesta etapa todo ser é auxiliado, conduzido, resguardado.
Sem dúvida toda a intensidade da Verdadeira Vida vai sendo descortinada à Consciência em liberação e esta passa por etapas bem conhecidas de toda Passagem. Os condicionamentos um a um vão sendo ultrapassados, desfeitos. Pois a cada passo, a cada sopro do Mistério, a Consciência começa a entrever o que só pode ser descrito muito pobremente como o Pleno Vazio, ou o Milagre. Em meio ao Vibrar quando a Consciência começa a ser atraída para este ponto ilocalizável, este Nada, o sentir pode reagir com temor. Sim, na consciência humana resta um sentido de identidade, um alguém, e aquele Pleno Vazio é extremamente ameaçador a esta identidade, parece ser seu fim.
Este Pleno Vazio é a Seidade, o Ser. Nenhuma palavra pode ser colocada a respeito disto sem que haja grandes danos e maculações. Mas faz-se necessário o uso de palavras para apontar a diferença entre tais estados.
A Seidade não comporta qualquer sentido dual, por mais leve e sutil que seja. Não há outro eu além do Ser. Não há nada além do Ser. Não há mesmo a Consciência a perceber o Ser. Por isso nada pode ser dito a respeito deste estado acuradamente, porque não há meios de viver e traduzir, não há veículo, forma ou conceito que acolha a indescritibilidade, o desconhecido, o absurdo que é o Ser. Mas a este estado conduz o Vibrar. O último estágio do Vibrar, o Silêncio, é o prenúncio da Seidade. Quando a Vibração se torna Silêncio, quando tudo é o Silêncio, quando o Silêncio não é o oposto do barulho mas o abraça e o dissolve em si. Até ai permanece a Consciência. Além disto nada mais há além do SER.
Para o que se desenrola nesta humanidade de superfície neste momento, para este momento, faz-se necessário a compreensão destes três estados. Não há como confundi-los. O sentir é terreno conhecido de toda a humanidade. Mas já há um certo tempo, o que era vivido por alguns poucos indivíduos apenas, com grandes esforços e preparação, novos espaços, o Vibrar e consequentemente o Ser abrem-se para a toda a humanidade, para quantos fazem o esforço de dar um passo além de suas próprias limitações, de suas próprias crenças.
Todos os estados Vibratórios, vividos pelas consciências despertas ou em despertar têm por único objetivo preparar o momento em que deverão Ser no Ser. Nisto consiste a Translação Dimensional, neste mundo como em qualquer outro, nesta dimensão como em qualquer outra. Este Alinhamento com o Ser, o não-existir para Ser. A peculiaridade deste planeta, como é sabido, é que este é um processo mais delicado, que exige mais cuidados, por conta do profundo nível de separatividade e identificação com esta separatividade alcançada pelas consciências que fizeram deste nível dimensional da Terra seu campo de experiência.
É o momento de Retorno sem dúvida, não necessariamente para um lugar, ou ponto qualquer do cosmos, mas para a Origem, a própria Origem, a Fonte, o Ser, o Milagre. Será preciso banhar-se e mergulhar nas águas deste Milagre. Alguns poucos se dissolverão nestas Águas, uma parte emergirá delas para sempre Unificado a elas, outra parte seguirá por ainda mais um tempo, os caminhos da dualidade. Esta dualidade, no entanto, não mais imbuída de separação e esquecimento completo da Fonte. O banho naquelas Águas Misteriosas garantirá a todas as consciências senão a reunificação total ao menos a lembrança eterna e o contato com as esferas Vibrais e com o Ser. E este momento acha-se às portas. É Agora. Para aqueles que Vibram e acolhem o Ser, este banho representará o maior Encontro, o Retorno ao seio do Pai-Mãe. Para aqueles que ainda se protegem em seus limites conhecidos, este banho parecerá inicialmente o fim, a aniquilação. Esta percepção será momentânea porém. Pois a intensa Vibração que precederá o Alinhamento total é Fogo puro e consumirá mais ou menos rapidamente todo entrave que possa ainda impedir à Consciência ver-se a si mesma, sem os véus da separação, nem mesmo de qualquer forma condicionada.
Isto é o que foi anunciado desde já a muitas eras. Isto se revela e vive-se Agora. Isto exige sempre mais abandono, sempre mais despojamento, simplicidade. Isto exige o olhar, a Atenção focada no Mistério.
 
Inspirado pela Irmandade de ERKS, numa contato a respeito dos três nivéis da MerKaBah.

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