Em que se baseia a experiência humana? O que o humano percebe ao redor, no que o cerca?
Sentir,  Vibrar e Ser. Assim podem ser chamados três modi operandi através dos  quais as consciências nesta experiência de encarnação contatam e  interagem com o mundo – ou mundos - interior e exterior, ou com a  própria realidade, ou ainda com algo que está nisto e além disto.
O  sentir sem dúvida marcou e marca ainda a linha pela qual a maior parte  das consciências neste planeta opera. O sentir, seja ele em nível  emocional, físico ou mental, tem sido o grande ditador desta humanidade.  Isto era esperado de certa forma, e nada mais natural visto os  elementos que condicionam o próprio desenvolvimento da consciência  humana.
Sim,  estamos aqui a tratar do nível humano, pois é neste nível que se situa o  sentir. Por definição o sentir, em qualquer nível, evoca dualidade.  Parem e observem o mecanismo, o mais simples que seja, do sentir em  vossos corpos físicos, mais facilmente observável. A pele se arrepia ao  toque da brisa gélida. Formulem a experiência no campo mental, e vocês  terão um banho de vários elementos duais, conceitos, projeções,  memórias. Todo sentir está alicerçado sobre aparelhos dualistas de  percepção, e deles faz uso à vontade, com direito. O sentir está  presente em todos os âmbitos da esfera consciencial humana, deste os  mais instintivos aos ditos espirituais. Mesmo nos seres que podem ser  considerados com algum grau de despertar o sentir ainda mantem certas  rédeas, algo que não é condenável, ou condenado, mas apenas que precisa  ser visto com Clareza.
O  sentir é um mau conduto da Essência, no entanto, pois a distorce sempre e  invariavelmente. Imaginem o sentir (sensações, sentimentos,  racionalizações, intuições, etc) como um espelho trincado, refletindo a  imagem do Real, mas com muitas imperfeições, desfigurando ao ponto do  irreconhecível o que sobre ele é projetado.
À  medida que a Consciência vai abandonando as esferas humanas, à medida  que o ser consegue lançar seu olhar para além dos limites de seu próprio  sentir, quando ele considera uma Realidade mais ampla, um Algo  desconhecido e aparentemente intocável, ao menos com seus parcos  instrumentos de percepção, quando o ser olha para o que tem e  humildemente aceita que o que quer que possua não é o bastante para  atingir aquele Algo, quando abandona mesmo o desejo da busca de possuir  também aquele Algo. Quando este Algo deixa de ser um alvo, um troféu, e  passa a ser o alento da Consciência, seu objeto de contemplação, então  ativa-se na Consciência, pelo rasgar de certos véus, de certas  identificações, um outro aparelho de experimentação, outro aparelho de  percepção e interação: o Vibrar.
O  Vibrar foge à esfera do sentir, embora casualmente possa estar aliado a  um sentir (uma vez que os corpos podem reagir – ora este é seu modus  operandi – à Vibração). O Vibrar é o reflexo mais puro da Essência, da  própria Consciência. O Vibrar, por não poder ser intelectualizado, por  não poder ser encaixado num esquema conhecido, por não poder ser medido e  analisado, ele reflete e conduz a Consciência a si mesma.
Neste  nível há uma mudança radical de paradigma, digamos. Pois neste nível o  foco através do qual o ser observa, o foco com o qual se identifica,  muda. Os limites que antes ditavam seu comportamento, suas atitudes,  suas reações dentro da forma social, estes limites são ultrapassados,  transmutados. No Vibrar então revela-se ao ser algumas etapas, etapas  conhecidas no Ocidente e no Oriente, em suas diversas culturas e  tradições, por diferentes nomes, que o seja, Samadhi, Nirvana, Êxtase. O  Vibrar, estes estados, possuem algumas etapas, níveis de manifestação,  marcadores, enfim. Entre outros, podemos enumerar a Paz, o Som, o Fogo, a  Alegria, o Silêncio. Todos estes e outros ainda mais, são expressões da  Consciência que é Vibração.
Neste  ponto, nestes estados de Consciência muitas são as revelações, cada  momento é prenhe de inusitados. Ao ser se revela pouco a pouco, embora  atualmente tudo isto esteja a ritmo acelerado, sua Realidade mais  íntima. Não a realidade da casca, não o que está circunscrito no limite,  ao menos não diretamente, mas o que se acha fora daqueles limites, o  inimaginável.
Neste  nível, o Vibrar, para a consciência humana encarnada há fortes  basculamentos. Reversões abruptas e avassaladoras. Dependendo da  resposta que o ser dá aos impulsos recebidos de seus níveis internos  tais reversões podem ser vividas em maior ou menor doçura, mas uma  doçura sempre ardente, escaldante. Em verdade, todo o fogo fricativo, o  fogo de atrito, vai sendo transmutado, elevado, transubstanciado. Estes  são movimentos de grande intensidade, verdadeiras bombas atômicas, e  nesta etapa todo ser é auxiliado, conduzido, resguardado.
Sem  dúvida toda a intensidade da Verdadeira Vida vai sendo descortinada à  Consciência em liberação e esta passa por etapas bem conhecidas de toda  Passagem. Os condicionamentos um a um vão sendo ultrapassados,  desfeitos. Pois a cada passo, a cada sopro do Mistério, a Consciência  começa a entrever o que só pode ser descrito muito pobremente como o  Pleno Vazio, ou o Milagre. Em meio ao Vibrar quando a Consciência começa  a ser atraída para este ponto ilocalizável, este Nada, o sentir pode  reagir com temor. Sim, na consciência humana resta um sentido de  identidade, um alguém, e aquele Pleno Vazio é extremamente ameaçador a  esta identidade, parece ser seu fim.
Este  Pleno Vazio é a Seidade, o Ser. Nenhuma palavra pode ser colocada a  respeito disto sem que haja grandes danos e maculações. Mas faz-se  necessário o uso de palavras para apontar a diferença entre tais  estados.
A  Seidade não comporta qualquer sentido dual, por mais leve e sutil que  seja. Não há outro eu além do Ser. Não há nada além do Ser. Não há mesmo  a Consciência a perceber o Ser. Por isso nada pode ser dito a respeito  deste estado acuradamente, porque não há meios de viver e traduzir, não  há veículo, forma ou conceito que acolha a indescritibilidade, o  desconhecido, o absurdo que é o Ser. Mas a este estado conduz o Vibrar. O  último estágio do Vibrar, o Silêncio, é o prenúncio da Seidade. Quando a  Vibração se torna Silêncio, quando tudo é o Silêncio, quando o Silêncio  não é o oposto do barulho mas o abraça e o dissolve em si. Até ai  permanece a Consciência. Além disto nada mais há além do SER.
Para  o que se desenrola nesta humanidade de superfície neste momento, para  este momento, faz-se necessário a compreensão destes três estados. Não  há como confundi-los. O sentir é terreno conhecido de toda a humanidade.  Mas já há um certo tempo, o que era vivido por alguns poucos indivíduos  apenas, com grandes esforços e preparação, novos espaços, o Vibrar e  consequentemente o Ser abrem-se para a toda a humanidade, para quantos  fazem o esforço de dar um passo além de suas próprias limitações, de  suas próprias crenças.
Todos  os estados Vibratórios, vividos pelas consciências despertas ou em  despertar têm por único objetivo preparar o momento em que deverão Ser  no Ser. Nisto consiste a Translação Dimensional, neste mundo como em  qualquer outro, nesta dimensão como em qualquer outra. Este Alinhamento  com o Ser, o não-existir para Ser. A peculiaridade deste planeta, como é  sabido, é que este é um processo mais delicado, que exige mais  cuidados, por conta do profundo nível de separatividade e identificação  com esta separatividade alcançada pelas consciências que fizeram deste  nível dimensional da Terra seu campo de experiência.
É o  momento de Retorno sem dúvida, não necessariamente para um lugar, ou  ponto qualquer do cosmos, mas para a Origem, a própria Origem, a Fonte, o  Ser, o Milagre. Será preciso banhar-se e mergulhar nas águas deste  Milagre. Alguns poucos se dissolverão nestas Águas, uma parte emergirá  delas para sempre Unificado a elas, outra parte seguirá por ainda mais  um tempo, os caminhos da dualidade. Esta dualidade, no entanto, não mais  imbuída de separação e esquecimento completo da Fonte. O banho naquelas  Águas Misteriosas garantirá a todas as consciências senão a  reunificação total ao menos a lembrança eterna e o contato com as  esferas Vibrais e com o Ser. E este momento acha-se às portas. É Agora.  Para aqueles que Vibram e acolhem o Ser, este banho representará o maior  Encontro, o Retorno ao seio do Pai-Mãe. Para aqueles que ainda se  protegem em seus limites conhecidos, este banho parecerá inicialmente o  fim, a aniquilação. Esta percepção será momentânea porém. Pois a intensa  Vibração que precederá o Alinhamento total é Fogo puro e consumirá mais  ou menos rapidamente todo entrave que possa ainda impedir à Consciência  ver-se a si mesma, sem os véus da separação, nem mesmo de qualquer  forma condicionada.
Isto  é o que foi anunciado desde já a muitas eras. Isto se revela e vive-se  Agora. Isto exige sempre mais abandono, sempre mais despojamento,  simplicidade. Isto exige o olhar, a Atenção focada no Mistério.
Inspirado pela Irmandade de ERKS, numa contato a respeito dos três nivéis da MerKaBah.

Nenhum comentário:
Postar um comentário