sexta-feira, 10 de junho de 2011

Os sete vales sufistas



O primeiro vale é chamado o vale do conhecimento. A parte negativa deste vale é que você pode se tornar instruído, você pode se engendrar no conhecimento. Você pode esquecer a verdadeira proposta do conhecimento e pode ficar ligado ao próprio conhecimento. Aí, acumulará mais e mais conhecimento e pode ficar por várias vidas acumulando conhecimento. Você se tornará um grande estudante, um especialista, mas não se tornará um conhecedor. O caminho do conhecedor é totalmente diferente do caminho do conhecimento. Se você ficar preso ao conteúdo do conhecimento você se perderá no vale. Transcenda o primeiro vale.

O segundo vale é chamado o vale do arrependimento. Todos nós nos arrependemos do que fizemos. Temos arrependimento devido a tudo que fizemos de errado e o grande perigo é ficar preso no arrependimento esquecendo que o certo ou o errado é produto social elaborado por uma cultura. Transcenda o vale do arrependimento, o vale da culpa.

O terceiro vale é chamado de vale do apego. São oito os apegos principais: apego aos desejos; apego às coisas; apego às pessoas; apego aos cargos; apego às idéias; apego aos sentimentos, apego ao espaço e ao tempo. Esteja no mundo, mas sem ser do mundo, pois o apego não lhe permitirá ir além. Apenas perceba que o mundo existe, cumpra suas obrigações perante a sua vida sem se apegar a nada. O grande perigo é se perder no vale do apego e não conseguir sair para os outros vales. Transcenda o vale do apego.

O quarto vale é chamado de vale do inconsciente pessoal. No inconsciente pessoal, estaremos vivenciando todos os aspectos da nossa vida que foram rejeitados pela moral social. O quarto vale é denominado pelos místicos de "a noite escura da alma", sendo o mundo tenebroso que está dentro de você. Surge um grande medo porque está penetrando pela primeira vez nas trevas do seu próprio inconsciente. O quarto vale é o inferno onde você vai deparar com todos os tipos de fantasmas astrais pessoais criados por você mesmo. Transcenda o vale das trevas.

O Quinto Vale é denominado o vale trovejante ou inconsciente coletivo. No inconsciente coletivo estão reunidas todas as figuras astrais personificando os traumas de todas as civilizações que existiram em nosso planeta. Estas figuras astrais são gigantes que temos que enfrentar na noite escura do inconsciente. Estes fantasmas gigantes fazem sacudir toda a nossa estrutura somática e psicológica. Nenhum conhecimento adquirido poderá nos ajudar diante do inconsciente coletivo, pois estaremos diante do inusitado. O quinto vale exige que nos coloquemos em atitude meditativa transcendendo o vale da escuridão. No momento em que relaxamos perceberemos uma luz indicando o caminho a seguir. O quinto vale exige a rendição e a entrega confiante unicamente em Deus.

Podemos exemplificar o quinto vale utilizando as palavras de Jung. No ano de 1913, resolveu mergulhar no próprio inconsciente coletivo, uma viagem que ele realizou como se entrasse em um sonho, quase hipnoticamente. Salienta: "Foi no ano de 1913 que decidi tentar o passo decisivo - no dia 12 de dezembro. Sentado em meu escritório, considerei mais uma vez os temores que sentia e depois me abandonei à queda. O solo pareceu ceder sob meus pés e fui como que precipitado numa profundidade obscura. Não pude evitar um sentimento de pânico, mas, de repente, sem que ainda tivesse atingido uma grande profundidade, encontrei-me, com grande alívio, de pé, numa massa mole e viscosa. A escuridão era quase total". "No local em que estava tive inúmeras visões". O importante é que, no fundo desse local escuro, ele viu o brilho intenso de um sol vermelho nascendo. Para ele, significava que no inconsciente mais profundo havia algo muito bom, uma salvação. E Jung dedicaria sua vida para procurá-la. Temos que transcender o quinto vale.

O sexto vale é denominado de vale do nada. No vale do nada você toma consciência que o seu corpo somático está morto, todo o conhecimento adquirido desvanece; tudo pelo que passou foi irrelevante. Consciência da inexistência de tudo que percebeu, compreendeu e percebeu. Jesus pregado na cruz disse: "Pai, porque me abandonou?" No vale do nada não existe nenhuma ajuda e nenhuma epistemologia possui sentido. É a morte do ego, é a morte do seu ser artificial elaborada por inúmeras culturas que vivenciou e inúmeros conhecimentos que adquiriu. Tudo está perdido e nada mais existe e neste momento toma consciência que a única existência é a sua consciência. O sétimo vale é a morte do filho do homem e somente entramos no sétimo vale quando o filho do homem morrer diante do nada.

O Sétimo Vale é o vale da ressurreição pela morte do filho do homem e nascimento do filho de Deus, o nascimento do corpo de luz, do corpo divino. O "eu" conseguiu elaborar o seu corpo glorioso, houve o florescimento, a fragrância foi liberta. O corpo de luz estava contido em seu próprio interior em forma de potência, escondido e os sete vales são denominados pelos sufistas de vale das descobertas e todos nós temos que descobri-lo.
fonte-www.stum.com

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