quinta-feira, 16 de junho de 2011

Guru e Chela!

  • Posted: 2011-06-16 08:37:54 UTC


    Ensinamentos de I-EM-HOTEP

    Guru e Chela
    Terminando uma série de palestras e antes de começar uma outra, quero fazer um resumo e conversar com vocês.
    Já lhes havia dito que o caminho do ocultista não é fácil, pois, modifica certas crenças, põe em atividade certas forças e, no estágio presente do seu mundo, não se pode fazer do ocultismo uma ciência exata. De acordo com os ensinamentos do ocultismo, embora cada indivíduo seja uma parte de Deus, o caminho para atingi-Lo é diferente para cada um, não havendo dois iguais. Não pode ser dada, portanto, uma concepção de Deus, apropriada a todos. Somente quando o homem realiza sua união com Deus, através do centro cardíaco, é que pode alcançar aquele Aspecto Divino, do qual ele mesmo faz parte.
    Devem compreender também que a sabedoria chamada ocultista, não pode ser obtida exclusivamente através dos livros. Nem o dinheiro, nem a posição social conseguirão obtê-la. Poderão alcançá-la, apenas através do seu próprio progresso espiritual. Unicamente a elevação da alma, a pureza do espírito e a finalidade desinteressada poderão abrir-lhes os portões da sabedoria. À medida que oferecerem a Deus essas três qualidades, seu instrutor tem permissão para transmitir-lhes a sabedoria.
    Aconselhando-os a estudar a filosofia e a religião das civilizações passadas, espero que notem o mesmo fio que enlaça todas as diferentes tramas dos sistemas religiosos.
    Já havíamos falado dos Filhos de Deus e do Reino Angélico; da reencarnação e do livre-arbítrio. Falei-lhes também, do modo alegórico de apresentar a Verdade. Assim, foi dito que da Fonte Inicial vieram os Deuses, de suas bocas surgiram os sacerdotes; de seus braços, os reis; de suas coxas os comerciantes, e de seus pés, os escravos. As primeiras civilizações foram constituídas desse modo. Os sacerdotes, descendentes dos Filhos de Deus - em muito casos Filhos mesmo de Deus - conheciam a terminologia celestial e a correta pronúncia da palavra sagrada, sendo capazes de fazer da Terra um lugar de evolução harmoniosa para todos os seres. Eles controlavam os elementos, e os habitantes dos reinos elementais eram seus servidores. Podiam separar as águas das terras, transformar o frio em calor e o calor em frio; conheciam a sabedoria dos astros e sabiam que o homem é uma parte dos céus. Grandes eram seu poder e sua influência sobre a humanidade. Com o passar do tempo, porém, despertaram a inveja dos reis, que lhes declararam guerra. Sabendo que mais cedo ou mais tarde isso aconteceria, os sacerdotes não lutaram contra os reis que, usurpando o lugar da classe sacerdotal, proclamaram-se Filhos de Deus e dirigentes do mundo. Os sacerdotes, sabedores que o domínio dos reis não ia existir sempre, retiraram-se para seus templos. Assim sendo, a Lei Sagrada tornou-se mais oculta e as palavras do poder só foram confiadas a homens treinados e provados durante quarenta anos.
    Anos incalculáveis se passaram. Os reis governavam a Terra, os comerciantes se tornavam mais materiais e os escravos mais oprimidos.
    No começo de cada Nova Era, porém, cumprindo a vontade de Deus, um de Seus Filhos descia à matéria. Encarnando, escolhia alguns homens que podiam ser treinados para se tornarem ajudantes, instrutores e sacerdotes de grau inferior.
    Naqueles tempos remotos, os sacerdotes profetizaram que, devido à rebelião dos reis, causando a desarmonia na Terra, viria a época em que os reis, os sacerdotes, os escravos e os comerciantes misturariam-se tanto que seria difícil distingui-los a quem não possuísse sabedoria e discriminação interna. Profetizaram, também, que, ao advir a queda dos reis, Deus mais uma vez iria inspirar Seus Filhos a ensinar as palavras sagradas, as cerimônias sagradas, e a levar de novo a humanidade para o verdadeiro caminho da retidão e da paz.
    Olhando o seu mundo de hoje, penso que esse tempo está chegando. Por toda a parte reina a desarmonia. Os homens de todas as classes se acham misturados. Os reis estão caindo em todos os países, e os sacerdotes, como se fossem negociantes, procuram gritar o mais forte possível nos lugares públicos, cada um afirmando que seu aspecto da Verdade é o único certo. Somente poucos se esforçam por conhecer a Lei Divina e realizar a união com Deus. Serão esses os escolhidos e saberão a que classe pertencem realmente. E quando cada um voltar a seu devido lugar, haverá de novo paz e harmonia no mundo.
    As bases de todas as religiões são sempre as mesmas: o Grande Arquiteto do Universo, os Três Aspectos. Sempre Deus universal, compreensivo e cheio de amor, a enviar Seus Espíritos de Poder, Seus Anjos-Mensageiros a toda Sua criação, sejam eles sacerdotes, reis, comerciantes, escravos, animais ou seres do reino vegetal ou mineral.
    Hoje, como antigamente, vocês reverenciam o Aspecto Trino de Deus e, no entanto, cada vez que encontram uma imagem de outra época, representando um desses Aspectos, consideram-na como vestígio do paganismo. Não querem admitir que seja o símbolo daquilo mesmo que hoje reverenciam, apresentado, porém, de um modo um pouco diferente.
    Os símbolos sagrados permanecem para vocês como estátuas sem vida, pois não conhecem mais a invocação correta para que o espírito os anime, permitindo, assim, que os possa guiar e curar. Para nós, que vigiamos a humanidade, parece um absurdo que o homem, com todo seu adiantamento técnico que lhe permite fazer tantas coisas - com exceção, todavia, de criar a vida - não possa andar sobre as águas, mandar no fogo, no vento, e não possa dizer à Terra que lhe dê suas riquezas. Só depois de muitas provas e sofrimentos, só quando estiverem inteiramente livres de suas falsas idéias, poderão de novo começar a subir a escada que os conduzirá à sabedoria, ao poder e ao amor de Deus, nosso Pai-Mãe.
    Nossa primeira lição, portanto, deve ser a de unidade com tudo. Se pudessem realizar a união com todos os planos de consciência, estabeleceriam aqui, neste grupo, uma vibração tal, que seriam capazes de alcançar uma fonte de inspiração, não atingida há milhares de anos.
    Antes de começar uma nova etapa de trabalho, devo lhes dizer que não podem progredir muito na senda, sem um instrutor para lhes explicar certas coisas que encontram. Eu, como oriental, e tendo um modo de pensar diferente daquele a que estão acostumados, posso parecer-lhes estranho e exigente demais. Além disso, lembrar-lhes-ei que neste grupo seguimos, mais ou menos, os métodos orientais e que, no Oriente, enquanto o chela estiver com seu guru, está exclusivamente sob sua direção. Se, portanto, for de sua vontade continuar o caminho que lhes mostro, devem aprender a lição de obediência, pois, vou exigi-la de vocês. Peço desculpas se durante minhas palestras empreguei palavras que vieram ferir suas crenças atuais. Às vezes me é difícil encontrar a forma adequada para meus pensamentos e revesti-los da substância e cor desejadas, pois, usando um corpo que não é meu, minha expressão fica limitada.
    Devo, também, lhes explicar que, descendo à matéria, tomo de novo as condições de quando encarnado na Terra, e já sabem que fui primeiro sacerdote e ritualista da minha religião. Sendo assim, apesar de fazer um grande esforço para não ser autocrático, perdoem-me se, às vezes, isso acontece.
    Perguntas e Respostas
    P. Podemos considerar o senhor nosso Guru e nós como seus Chelas?
    R. Assim espero e desejo que seja, pois anseio por conduzi-los ao caminho da volta. Devem saber que a mente do chela e do Guru tornam-se uma só, porque Deus inspira o Guru enquanto este ensina o chela, e as emanações chegadas ao chela através do Guru unem as duas mentes. O Guru, para o chela, é como pai e mãe.
    P. Essa ligação pode ser rompida?
    R. Pode, mas é muito raro isso acontecer. Quem, tendo aprendido a amar, quer romper um laço de amor?
    P. Refiro-me ao caso de uma interrupção durante uma encarnação e um restabelecimento depois.
    R. A interrupção, durante uma encarnação, não é considerada rompimento, pois o espírito não conhece tempo. Para ele só existe o eterno hoje.
    P. O que acontece se alguém não aceita o instrutor como chefe da escola a que pertence?
    R. Isso dependerá da escola e de sua ligação com ela. Pode haver uma configuração planetária, provocando o afastamento do chela de uma escola por um certo tempo. Às vezes, é necessário ao chela receber ensinamento de uma outra linha ou escola. Pode ser que, sendo rebelde, decida partir ou, estando em desarmonia, seja enviado a uma outra escola. Devem ter em mente que há os nascidos uma vez, os nascidos duas vezes e, ainda, os nascidos muitas vezes. Pode ser então que alguém, nascido uma vez, seja atraído por esta ou aquela religião ou escola, participando dela para receber uma instrução elementar, ou talvez para plantar a semente de sua futura grandeza. Uma religião ou escola acha-se sob um determinado Raio, possuindo muitos chelas pertencentes a diferentes Raios. Somente quando se encontram numa escola do seu Raio é que permanecem sempre, recebendo aí as mais altas iniciações. Chelas de outros Raios vêm e vão, vão e vêm. Os Gurus nem sempre retêm, vida após vida, os mesmos chelas. No mundo celestial, porém, todos são um, e a manifestação externa não importa.
    P. Então, se o chela rejeitou o ensinamento do Guru, isso não causará um rompimento?
    R. Só uma interrupção temporária. Para cada alma que busca a perfeição, chega o momento em que não pode dar mais um passo sem receber a ajuda do instrutor. Atingindo esse estágio, obtém, todavia, a capacidade de reconhecer seu instrutor. Antes disso, quem poderá censurá-la? Quem poderia censurar uma criança cega por não conhecer a imagem de sua mãe? Para atingir qualquer grau de clareza, de intuição ou de vidência, devem ter equilíbrio em todos os planos de consciência. São ainda criaturas muito emotivas. A maior dificuldade da Era Pisceana estava justamente em que os egos encarnantes desenvolveram demais o corpo emocional. Entretanto, durante a próxima época, o corpo emocional será submetido ao mental.
    P. O reconhecimento de nosso instrutor se dá somente nestas condições ou há outras também?
    R. Há outras, certamente. Se, por exemplo, existe uma afinidade espiritual ou um laço do passado e se, apesar da instabilidade do chela, o Guru o ama e procura guiá-lo, então, com o tempo, o chela tornar-se-á internamente consciente disso.
    P. O chela deve ter uma confiança total em seu Guru?
    R. Naturalmente, que deve ter confiança em seu Guru, senão, como poderia segui-lo? Não é uma obediência submissa, mas uma atitude de confiança semelhante à da criança por sua mãe. O chela deve saber que o Guru, seu pai-mãe, quer só seu bem.
    P. O chela tem direito de raciocinar?
    R. Certamente, e se ele encontrar dificuldades que não consiga resolver, deve trazê-las ao seu Guru. O seu progresso seria mais rápido se assim o fizesse. Entretanto, quando o chela começa a duvidar do Guru, as forças das trevas ganham terreno.
    P. Então o chela deve levar ao Guru todos seus problemas?
    R. Não, meu filho, não deve se acostumar a descansar no Guru. Somente quando o chela esgotou todas suas possibilidades para a solução de um problema e, apesar disso, ainda não percebe a Luz, então poderá ir ao Guru. Entre os dois procedimentos há uma grande diferença. O primeiro dever do Guru é o de desenvolver a auto dependência de um chela. Este, porém, deve saber que, se realmente precisar de ajuda, o Guru lhe dará. Se é um verdadeiro Guru, tem o poder de tirá-lo de qualquer dificuldade. Às vezes não o faz, para o próprio bem do chela.
    P. O chela, de evolução sempre bem inferior à do Guru, provavelmente não compreende porque este faz ou permite certas coisas. Apesar disso, deve ter fé absoluta a respeito das intenções perfeitas do Guru?
    R. Vejamos como as coisas se processam na Índia, onde ainda florescem as tradições antigas, apesar da interferência do homem branco que se esforçou por "redimir" os hindus. Tomemos o exemplo de um Bramin, pois seu Abrão era um Bramin. Quando nasce um filho, a hora é anotada e seu horóscopo feito em seguida. Mais tarde, ele recebe um nome e, mais tarde ainda, sua cabeça é raspada, nela permanecendo só uma mecha sagrada. Quando o rapaz atinge a idade apropriada, e após os sacerdotes terem lido seu horóscopo, o jovem, de acordo com seus astros e o nível evolutivo de sua alma, recebe um Guru. Este torna-se seu instrutor moral e espiritual e se ele diz que a noite é dia ou que o preto é branco, isso não é da competência do chela. Sua fé e amor não permitem questionar a respeito de nada do que faz o Guru. A tarefa do chela é a de assimilar tudo o que o Guru lhe ensina. Essa é a lei do progresso espiritual. Se houver pensamentos de censura por parte do chela, estes se assemelham à impertinência, pois ele duvida da sabedoria divina que lhe deu este Guru. Quero lhes dizer, também, que o corpo do Guru é tão treinado que, ao instruir seu chela, sua própria inteligência se afasta, dando lugar a uma .inteligência superior. E preciso ter sabedoria para distinguir qual é a inteligência do Guru e qual a superior. Muitos Gurus orientais dizem a seus chelas: "Ouvireis minha voz e as palavras que direi, mas a voz não será minha e as palavras ditas não virão de minha mente. Afasto-me para que os Maiores possam me inspirar". Devem sempre lembrar-se disso e, se lhes acontecer duvidar ou criticar alguma coisa que faz o Guru, assegurem-se bem de que não há, em si mesmos, algo de destrutivo, pois, se houver, estarão chamando as forças das trevas que os abaterão. Lembrem-se sempre de que, antes de chegar a um determinado estágio evolutivo, é difícil discernir entre a realidade e a ilusão.
    P. Pensei que para progredir espiritualmente, precisasse de conhecimento. Agora vejo que uma fé, de tipo bem definido, é exigida de mim.
    R. Seria mais exato dizer que, para progredir, deve-se ter fé na eficácia do seu próprio esforço, no poder de sua vontade. No caminho por onde quero conduzi-los, o desenvolvimento da força de vontade é muito necessário. Sem isso não poderão tornar concreta, para si mesmos, a existência do mundo espiritual. Até lá, devem ter fé na realidade do mundo espiritual. O homem, no fundo, possui essa fé, só que às vezes ela aparece, após decorridos muitos anos, e vocês estão apressados, querem correr. Há pouco tempo falávamos dos Bramins. Freqüentemente passavam-se quarenta, sessenta anos sem que pudessem ver o chefe supremo de sua ordem e muitos nunca o viram. Vocês, no entanto, querem ver logo signos e maravilhas.
    P. Se o contato entre o Guru e o chela realizou-se aqui e o chela, após ter seguido por muitos meses o ensinamento é obrigado a deixar o país, o contato entre eles será rompido?
    R. Não. Como podem pensar isso! Se um chela, com fé e amor, seguiu o ensinamento, o Guru não teria coração, deixando que o contato entre eles se rompesse. Quero explicar-lhes o seguinte: o Guru, que realmente merece este nome, não é limitado pela matéria. Ele possui um corpo etérico ou aéreo que lhe permite comunicar-se com seu chela. De acordo com seu desenvolvimento, o chela, primeiramente, só poderá pensar em seu Guru; depois o sentirá, mais tarde ainda o ouvirá e finalmente vê-lo-á.
    P. Após muitos anos de estudo em diversas escolas, vim para aqui atraída e ouvi as mesmas verdades, porém expressas de um modo muito mais claro e decisivo.
    R. Ouviu as verdades expressas por alguém que as tinha experimentado. Vivendo no mundo espiritual, tenho experiência das coisas que ensino e sou responsável diante de nosso Pai pelo ensinamento que lhes dou. Porta-voz da Fraternidade Branca e servidor de meus superiores nos planos espirituais, procuro conduzi-los por um caminho bem conhecido, de volta à Casa do Pai. Não é uma vereda incerta.
    P. Vindo aqui pela primeira vez, senti-me como se tivesse voltado à casa e, naquele mesmo dia, fiz a promessa de dedicar-me ao serviço impessoal.
    R. Lembro-me muito bem de sua vinda. Sei ainda que se ofereceu em serviço. Seu trabalho está ainda em preparação. Espere tranqüilamente. Não pense ser sua situação tão difícil como parece. Somos mensageiros daqueles que enviam seus pensamentos ao Mais Alto.
    P. Estou aqui pela primeira vez, mas ardentemente desejei vir. Posso também ser considerado seu chela?
    R. Tem nossa aquiescência e damos-lhe "boas vindas", meu filho. Mesmo que daqui me afaste, todos meus chelas serão bons e gentis para com você, repartindo a sabedoria que receberam. Será considerado por eles como irmão - um chela do mesmo Guru.
    Transcrito de ENCONTRO ESPIRITUAL por Ismael de Almeida.

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