Publicado em junho 8, 2011 por Claudia Michepud Rizzo
“Quem não gosta de ser bem tratado? Quem não gosta de, na hora de um aperto, ter alguém por perto para nos dar a mão? Quem não se sente bem diante de um sorriso verdadeiro? Quem não gosta de ver seu nome pronunciado por alguém?
Atitudes de carinho, respeito e atenção fazem toda a diferença. E as pessoas que agem com gentileza, com respeito e consideração são sempre muito admiradas por quem recebe um comportamento tão agradável.
Não há como negar que a gentileza não só nos deixa mais felizes como também nos ajuda a viver mais. Muito do que torna a vida mais difícil – uma batidinha no carro, uma porta que alguém não segurou quando você passou, um motorista de ônibus que, antes mesmo de você conseguir se posicionar dentro ônibus, arranca sem considerar que você pode cair, o caixa do supermercado sempre mal humorado – se deve à falta de consideração pelo outro. Certamente que o mundo seria bem melhor se todos fossem um pouquinho mais gentis. Ao tentarmos entrar numa rua movimentada, por exemplo, alguém nos cede passagem. No supermercado, você deixa alguém apressado entrar na sua frente na fila do caixa. No ônibus lotado, você se levanta para dar lugar a quem parece cansado.
A gentileza nos ensina que temos em nós a capacidade de ajudar os outros, principalmente os que nos são próximos, a fim de garantir nossa sobrevivência.
Mas o que é gentileza? Gentileza é um modo de agir, um jeito de ser, uma maneira de enxergar o mundo. Dessa forma, ser gentil é um atributo muito mais sofisticado e profundo do que ser educado ou meramente cumprir regras de etiqueta, porque embora possamos (e devamos) ser educados, a gentileza trata de uma característica diretamente relacionada com caráter, valores e ética; sobretudo, tem a ver com o desejo de contribuir com um mundo mais humano e eficiente para todos. Mas, para se tornar uma pessoa mais gentil, é preciso que cada um reflita sobre o modo como tem se relacionado consigo mesmo, com as pessoas e com o mundo.
Percebemos que as pessoas não conseguem ser gentis porque a rotina nos cega. Pressionados por idéias equivocadas, que nos pressionam a ter sempre mais, a cumprir prazos sem nos respeitarmos, a atingir metas que, muitas vezes, não fazem parte de nossa missão de vida e daquilo em que acreditamos nos tornamos mais e mais insensíveis. E nesta insensibilidade, vamos agindo e nos relacionando com as pessoas – mesmo com aquelas que amamos – de forma menos gentil, mais apressada e mais automatizada, sem nem nos darmos conta disso. É por isso que, a meu ver, ser gentil não pode depender do outro, não pode ser uma moeda de troca, tem que ser uma escolha pessoal, um entendimento de que podemos fazer a nossa parte e contribuir sim para um mundo melhor. Leonardo Boff tem uma frase maravilhosa que resume bem o que quero dizer: “Não serão nossos gritos a fazer a diferença e sim a força contida em nossas mais delicadas e íntegras ações”.
Ser gentil nada tem a ver com ser bobo e fazer o que todos querem que a gente faça. Muito pelo contrário: quanto mais gentil somos com as pessoas, mais gentil somos também com nossa verdade, com nossos valores. Assim, dificilmente nos aviltaremos em nome de algo que não esteja de acordo com nosso coração. Pessoas que dizem sim a todos estão, na realidade, reforçando uma imagem de ‘vítimas da vida’, alimentando um argumento de ‘coitadinhas’, de extremamente boas e injustiçadas. Isso não é ser gentil e demonstra mais uma dificuldade em lidar com sua própria carência do que a força ou o poder contido na gentileza.
Ser gentil é extremamente benéfico quando se entende que a gentileza abre portas, muda o rumo dos conflitos, facilita negociações, transforma humores, melhora as relações, enfim, propicia inúmeras vantagens tanto na vida de quem é gentil quanto na de quem se permite receber gentilezas.
A gentileza nos faz bem de outras maneiras, por exemplo: os que ajudam os outros regularmente têm mais saúde mental e menos depressão, dizem as pesquisas. Pessoas solidárias têm menos probabilidade de sofrer de doenças crônicas e seu sistema imunológico tende a ser melhor, porque existe uma relação direta entre bem-estar, felicidade e saúde nas pessoas. A gentileza talvez ajude a regular as emoções, o que causa impacto positivo sobre a saúde. Se nosso instinto biológico automático do tipo” lutar ou correr” ficar ativo demais por causa do estresse, o sistema cardio-vascular é afetado e a imunidade do corpo enfraquece. Portanto, é difícil ficar zangado, ressentido ou amedrontado quando se tem amor altruísta pelos outros, em outras palavras, quando se é gentil.“
Vamos exercitar a gentileza?
Aloha
Claudia Michepud Rizzo
(Trechos do texto de Rosana Braga)
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