terça-feira, 23 de agosto de 2011

A Religião do Coração



A Via Espiritual
Tarîqa: esta palavra no sufismo significa a via mística. A via espiritual, dizem os sufis, "saboreia-se"; não consiste unicamente na aplicação da Lei, é antes de mais nada uma experiência vivida, sentida e inefável. De facto, "como podemos explicar o que é a embriaguez a quem nunca bebeu vinho?"

O Sufismo consiste numa via cuja única finalidade é o Conhecimento de Deus recebido na experiência espiritual e que empenha o ser humano na sua totalidade, até ao mais fundo de si mesmo; profundeza então designada pela palavra simbólica "coração" . Também se tem frequentemente definido o Sufismo como um Conhecimento do coração. É o coração do Homem perfeito, dizem-nos, que é a fonte original dos corações: é, portanto, indispensável a sua mediação para se atingir a união mística. É a "porta" * através da qual passa o caminho para se chegar a Deus.

*Comparar com João X, 9 onde Jesus diz: "Eu sou a porta: se alguém entrar por mim, será salvo, irá e virá e encontrará com que se alimentar."
in "Jesus na tradição Sufi" de Faouzi Skali


O Rodopio Sufi é uma das técnicas mais antigas e também uma das mais vigorosas. É tão intensa que uma simples e única experiência pode torná-lo completamente diferente. Rodopie com os olhos abertos, tal como as crianças pequenas fazem quando se põem a rodar sobre si mesmas, como se o seu ser interior passasse a ser um centro e todo o seu corpo fosse como uma roda em movimento, uma roda de oleiro em movimento. Está no centro, mas todo o seu corpo está em movimento.

É aconselhável não ingerir alimentos nem bebidas durante três horas antes de rodopiar. É melhor estar descalço e usar roupas largas. A meditação divide-se em duas etapas: de rodopio e de repouso. Não há um tempo fixo para o rodopio - pode prolongar-se por horas - mas aconcelha-se a praticar pelo menos durante uma hora para entrar completamente na sensação de rodopio de energia. O rodopio faz-se no próprio local, em movimento retrógrado, com o braço direito levantado, a palma da mão virada para cima, e o braço esquerdo caído com a palma da mão virada para baixo. As pessoas que sentem desconforto ao rodarem em sentido retrógrado podem fazê-lo no sentido dos ponteiros do relógio. Deixe o corpo ficar solto e mantenha os olhos abertos, mas desfocado, de modo a que as imagens se tornem indistintas e etéreas. Mantenha-se em silêncio.
Primeira Etapada
Durante os primeiros quinze minutos, faça o movimento de rotação lentamente. Gradulamente ao longo dos próximos trinta minutos, vai ganhar velocidade até o rodopio dominar e você se tornar um rodopio de energia - a periferia uma tempestade de movimento, mas a testemunha ao centro, silenciosa e tranquila.
Segunda Etapada
Quando rodopia tão depressa que não é capaz de se manter na vertical, o seu corpo cairá sozinho. Não faça da queda uma decisão sua, nem tente previamenta o contacto com o chão; se o seu corpo está solto, cairá suavemente e a terra aborverá a sua energia. Uma vez caído começará a segunda parte da meditação. Role sobre a sua barriga, de modo que o seu umbigo descoberto fique em contacto com a terra. Se alguém sentir um desconforto extremo estando deitado desta forma, deve deitar de costas.Sinta o corpo fundir-se na terra, como uma criança pequena pressionada contra o seio da mãe. Mantenha os olhos fechados e fique passivo e em silêncio durante, pelo menos, quinze minutos. Após a meditação fique o mais que puder imóvel e inactivo.
Algumas pessoas poderão sentir nauseas durante a Meditação em Rodopio, mas a sensação deverá desaparecer no espaço de dois ou três dias. Se tal persistir, suspenda a meditação.

~Osho



O Treino Espiritual

Irina Tweedie é a autora do livro "Filha do Fogo: Um diário de treino espiritual de um mestre sufi", um diário do seu treino espiritual intensivo na Índia com o mestre sufi Radha Mohan Lal, um sheikh sufi hindu da Ordem de Naqshbandiyya-Mujadiddiya.
Regressada a Inglaterra, Tweedie constitui o grupo de meditação sufi em Londres que está na origem do Golden Sufi Center.
Nesta entrevista, Irina Tweedie descreve a alegria, a paz e o amor, mas também, o desespero e a solidão dos seus anos de formação na tradição sufi.

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