É difícil a arte de saber viver. A vida é um vaso que podemos encher com o que quisermos. Mas, a verdade é que temos querido enchê-lo de erros. Então, que podemos receber senão sofrimentos? Quando era moço, li livros sobre a arte de alcançar sucesso na vida. E hoje ainda se encontram livros sobre este assunto. Mas, trata-se duma ciência de superfície, que se baseia na sugestão, na arte exterior de apresentar-se, de falar e convencer o próximo. Ora, isso só pode levar a um êxito parcial, momentâneo, superficial.
O verdadeiro êxito na vida consiste num problema de construção de destinos, um problema complexo de longo alcance, que só se pode resolver conhecendo o funcionamento das leis profundas que regem a vida, e a posição de cada um dentro dessas leis, ou seja, o plano duma vida enquadrada no plano geral do universo, em função de Deus. Como se pode chegar a uma orientação completa do caso particular, se não se conhece a Lei geral? A maioria não é dona dos acontecimentos da sua vida, mas é serva dirigida por eles.
A vida é um jogo vasto e complexo. Fala-se de destino e da sua fatalidade. Mas, os construtores desse destino somos nós mesmos e depois ficamos sujeitos à sua fatalidade. Da mesma forma que o passado representa a semeadura do presente, o presente representa a semeadura dó futuro. A semeadura é livre, mas a colheita obrigatória. Assim, somos ao mesmo tempo livres e dependentes. Temos o poder de nos arruinar ou de nos salvar, como quisermos, mas não podemos alterar a Lei, e a nossa ruína ou salvação fica fatalmente sujeita às normas da Lei de Deus. Ela regula os movimentos de tudo que existe e do homem também. Conhecê-la quer dizer conhecer as regras do jogo da vida, isto é, a ciência da própria conduta, a arte de evitar os movimentos errados e fazer os certos, para fugir do dano próprio e atingir o melhor bem-estar possível.
A coisa mais importante na vida, a base de tudo, é a orientação. E a maioria vive correndo atrás das ilusões do momento, desorientada e descontrolada. Seguir a Lei quer dizer seguir a vontade de Deus. Esta é uma bem estranha posição para o mundo, que ainda obedece à lei animal do mais forte. Seguir a vontade de Deus não quer dizer perder a própria e tomar-se autômato. Essa obediência é um estado de abandono em Deus, em absoluta confiança, como o filho nos braços da mãe. Mas, esse abandono é ativo e dinâmico, como o de quem vai atrás de um guia sábio e bom que o defende e lhe garante o êxito, desde que o seguidor queira obedecer com boa vontade, sinceridade e fidelidade.
Este é um problema absolutamente individual, de escolha e resultados individuais. Se soubermos aprender esta arte de viver em harmonia com Deus, a nossa existência se deslocará do plano da injustiça e da força em que vive o homem, ao plano da justiça e da bondade em que tudo funciona com princípios diferentes. Surge então uma coisa que o mundo não acredita seja possível: para chegar a possuir o que precisamos e para alcançar sucesso não é necessário força ou astúcia. Basta tê-lo merecido, como a justiça o exige.
Do livro "A Lei de Deus" - cap 3
Extraído de: http://www.pietroubaldi.org/biblioteca/reflexoes/1310-o-problema-do...
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