quarta-feira, 17 de agosto de 2011

O Tal do Bicho Homem




Como diria Sérgio Mário Regina, mineiro, ambientalista paixonado, aproveitando para reverenciar sua memória e performance enquanto esteve conosco nessa dimensão planetária: “vá procurar entender o tal do ‘bicho homem!”.

Esse homem que do alto da sua arrogância se auto-intitula “homo sapiens”, mas, que em verdade, pela sua pobreza racional deveria chamar-se “homo burrus” ou, quando muito, “homo mulus”, com todo o respeito que como cidadão e ambientalista nutro pelos animais.

É sobre esse “bicho homem” que proponho esta reflexão nesta semana dedicada ao Meio Ambiente. Esse personagem complexo e complexado que, como bem afirma o professor Roberto de Barros Freire, da Universidade Federal do Mato Grosso, “Teme ser confundido com seres que acredita estarem muito aquém de suas supostas virtudes, mas que acaba caracterizando a sua animalidade, via de regra, desqualificando as demais espécies.

É ele que acrescenta ao substantivo animal um adjetivo confuso (para mim pretensiosamente extremado) que o denomina como racional, acreditando ter uma espécie de superioridade quase divina, que o deixa acima de todas as demais espécies existentes.

O homem jamais aceitou o fato de ser um “ bicho” que, como todos, possui particularidades que o distingue, mas, que não o classificam de forma superior ou inferior”.


È essa quase que indecifrável criatura que do alto do seu analfabetismo ambiental ou ecológico( embora alguns até arrotem um pretenso saber), que consegue um feito extraordinário( muito mais ordinário do que extra) de destruir o seu próprio habitat e com isso, paulatinamente, ir dizimando a sua própria espécie.

É ele que se considera superior e ungido pelos deuses para comandar o planeta e dele se apropriar do que lhe apetecer; é ele que produz mais lixo do que sua casa pode conter e, por isso mesmo, tem que deitá-lo na natureza que é a casa de todos; é ele que por força de extrair do solo o quanto mais possível, exaure a terra tornando-a estéril; é ele que, amparado naquilo que chama de desenvolvimento ou progresso, desmata todo tipo de florestas e matas, exterminado a vida que dali naturalmente se produz e se reproduz; é ele que gratuitamente polui e mata rios e nascentes para depois pagar caro para consumir burramente uma água tratada desprovida de seus mais valorosos nutrientes; é ele que extermina animais de todas as espécies e tamanhos como um predador insano e desvairado.

É ele, o “bicho homem”, o “homo burrus” que, a despeito de ser a terra a grande provedora da vida, a nossa grande mãe, desrespeitosamente, fundamentado em sua inteligência que, salvo melhor juizo, já beira a extinção, se investe do papel de exterminador do passado, do presente e do futuro.

Enfim, para aqueles que ainda relutam em entender a importância da preservação ambiental e a necessidade de aprofundarmos o debate e a prática de ações que resultem de modo inexorável na sustentabilidade econômica e sócio-ambiental, é que considero importante refletir atentamente sobre o que nos diz o filósofo francês Michel Serres: "A Declaração dos Direitos do Homem teve o mérito de dizer que todos os homens têm direitos, mas o defeito de pensar que só os homens têm direitos.

Custou muita luta o reconhecimento pleno dos direitos dos indígenas, dos afro-descendentes e das mulheres, como agora está a exigir de todos nós muito esforço o reconhecimento dos direitos da natureza, dos ecossistemas e da Mãe Terra”.

Vale refletir, ainda, sobre a nossa falta da percepção consciente de que “a Terra é a nossa verdadeira mãe e por isso deve ser respeitada, venerada e amada”, como nos dá clareza o admirável pensador e teólogo brasileiro Leonardo Boff.

Preservar o Meio ambiente é preservar a vida!

Boa Reflexão e viva consciente.

MAVI

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