Em várias ocasiões da vida muitos de nós sentimos um ímpeto misterioso de parar tudo à nossa volta. E mesmo que não estejamos passando por momentos difíceis, uma corda de amparo se rompe em nosso íntimo, e esse tremor inesperado traz à nossa superfície indagações que comumente não nos fazemos.
Sentimo-nos, assim, não como os pontos cardeais que julgamos ser, mas como a agulha da bússola que, retirada sua sustentação magnética, se encontra agora procurando o Norte para apontar.
Uma sensação de instabilidade torna-se o chão onde pisamos; evoluções de insegurança nos circundam como espirais inquietantes; e quando nos procuramos, juntamente com todas as nossas certezas anteriores, encontramo-nos diante do nosso próprio espelho, como a surpresa que pergunta à Verdade se ela, a surpresa, é real, diante das evidências.
E assim, com nossos “pólos magnéticos” temporariamente suspensos, somos estacionados sobre as tremulações daqueles momentos, ou dias, que ocasionam uma abertura em nossas muralhas para se posicionarem frente aos nossos olhos e nos questionarem com abalizados propósitos.
Estamos no rumo certo?
Fazemos o melhor para as nossas vidas?
Estamos seguros em nosso ambiente ou estamos a ele acomodados?
Somos felizes realmente ou nos contentamos com pequenas doses de alegrias furtivas?
Estamos deixando a nossa marca nesta vida ou somente seguindo os rastros que nos parecem seguros?
Galgamos o degrau da coragem para efetuarmos mudanças ou ainda somos reféns do medo do desconhecido?
Temos o arremesso do vôo desbravador ou ainda preferimos a poeira do chão que pensamos firme?
Estamos estendendo nossas mãos ao nosso semelhante ou recolhendo-as ao bolso do egoísmo?
Somos solidários em palavras e ações ou preferimos ser pedintes quando temos tanto a oferecer?
Agimos de acordo com as disposições da nossa Alma?
Nossa voz tem o alcance que lhe daria nossa Essência ou apenas murmuramos subterfúgios da nossa personalidade humana?
Estamos cumprindo aquilo que a nós foi designado antes do nosso nascimento ou estamos outorgando nosso destino a outras pessoas?
Exteriorizamos os atributos da nossa Alma ou permitimos a reclusão desses valores em nome da nossa estabilidade efêmera?
Sentimo-nos em tais momentos como a árvore arrancada pela raiz na força de um vendaval.
“Perdemos o chão”, como se costuma dizer. Em certos casos, quando tudo isso acontece, muitos de nós sentimos a necessidade de nos escondermos dentro de nós mesmos.
Que o mundo todo pare “lá fora”, desde que, em nós, estejamos protegidos. Porém, qual proteção desse tipo nos dará o que está nos fustigando reações?
Ou, no desdobramento da palavra, “re-agir”, agir novamente, produzir outras ações para que se modifiquem resultados, ou seja, mudarmos determinadas causas para modificarmos determinados efeitos.
O que se pretende com essa incursão nos mistérios dessa turbulência, que furtivamente nos assalta, é ressaltar nossa condição humana e pretensiosa de permitirmos que a “vida” nos leve destino afora, desde que estejamos “bem”.
O que nunca acontece, a não ser para aqueles de nós que ignoram os propósitos da Alma, que é censurada ao manifestar todo seu potencial em benefício do nosso progresso material e da nossa evolução espiritual que, trabalhados em conjunto, produzirão resultados conjuntos.
É sempre bom lembrar que muitos de nós pretendemos o “paraíso” para depois da chamada morte. Ora, ele pode muito bem começar aqui e agora, e deve-se começá-lo, porque não fomos criados como serviçais, mas sim, como Herdeiros do Universo.
E é disso que precisamos nos lembrar constantemente, uma vez que o Paraíso começa aqui, diante dos nossos olhos, desde que enfrentemos as distorções que nossa personalidade faz com os desígnios da nossa Alma, ou seja, fazendo-se de surda aos apelos de sua sabedoria que, justamente por ser sabedoria, requer reavaliações do nosso rumo na vida.
Assim, quando ainda não fomos brindados com o conhecimento de que é a Alma a diretora do nosso Plano de Vida, e não a nossa personalidade provisória, cordas se rompem em nosso íntimo produzindo aqueles tremores inesperados que nos incitam indagações sobre as nossas questões fundamentais.
Depois desses pequenos ou grandes tremores íntimos, ou nos reposicionamos na vida ou continuaremos à mercê da nossa própria sorte; que, na maioria das vezes, sempre nos conduz ao que não nos traz felicidade.
A não ser aqueles pequenos momentos de alegria, aos quais já nos referimos, que julgamos ser felicidade – por nossa incapacidade de avaliação ou pelo medo de nos descobrirmos infelizes.
Haverá muitos de nós que dirão nunca terem passado por tais terremotos, por essas incitações a se fazerem perguntas e, sem escolha, terem que respondê-las.
É o momento, então, de dizermos que não somos, esses, os “felizardos” que foram poupados dessa ocorrência misteriosa que vem da Alma.
Não o somos porque ainda não fomos brindados com o contato da Alma com a personalidade; porque não recebemos perguntas para que elaboremos as suas respostas, e, por conseguinte, marchamos vida afora na situação de sempre, ou seja, sem alterações em nossa rota, sem a grande possibilidade de fazermos as transformações necessárias ao nosso engrandecimento, à nossa valorização na vida, à transmutação de causas para a alteração de seus efeitos.
Portanto, se algum de nós, aqui presentes neste texto, ainda não passou pelo “terrível” momento de se ver sem Norte, de sentir o chão sumir sob seus pés, de se sentir crivado de perguntas pela voz de seu próprio íntimo, peça para que isso aconteça.
Em suas orações, peça por esse momento de verdade.
Sem temores, com a coragem de quem quer mudar para evoluir.
Sem jamais julgar que não precisa “passar por isso”.
Qual será a melhor forma de nos vermos frente a frente com as nossas perguntas e as nossas respostas; com as possibilidades de efetuarmos transformações que somente o Bem nos trará?
Quando uma corda de sustentação se romper em nosso íntimo e formos pegos de surpresa ou quando procurarmos o Espelho da Alma para nos vermos tal e qual somos?
Com nossas imperfeições, mas com o conclusivo poder de transformação que existe em cada um de nós?
Quando aprendermos o caminho dos Espelhos da Alma, possibilitaremos à nossa personalidade um diálogo íntimo com a nossa Essência – verdadeiro, eficaz, reformador.
Jamais poderemos quebrar tais espelhos para ficarmos livres das verdades que ele reflete. Mas podemos quebrar os reflexos onde não temos mais os horizontes que precisamos ter.
E como lembrança a cada um de nós:
Quando sua alma pergunta, só você pode responder.
Quando sua Alma pede, só você pode atender.
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CARLOS MORANDI já foi cronista, jornalista e publicitário. Dedica-se à literatura desde 2005, escreveu "O Monte Messém" (2007), "Agenda Morandi" (2010) e outros livros que serão publicados a partir de 2011. Seu interesse pela Antiga Tradição traz à sua obra conceitos milenares relacionados ao desenvolvimento humano e à evolução espiritual, temas que são nivelados em seu trabalho para atender a natural diversidade de leitores. O Autor é natural do Espírito Santo, divorciado, pai de dois filhos, e vive na cidade de Vitória. © Copyright 2011 - Carlos Morandi - Fundação Biblioteca Nacional
morandi.br@hotmail.com
Fonte: http://carlosmorandi.blogspot.com
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