A Quietude da Mente - Práticas Renovadoras
A
mente trabalha incessantemente a todo tempo e os pensamentos fluem
continuamente, e mesmo com o corpo em repouso, a mente permanece em
atividade, e, às vezes, em intensa atividade. Desse modo, relaxar parece
ser mais difícil que não relaxar, e o desgaste da mente é tão ou mais
expressivo quanto o desgaste do corpo. Há situações nas quais temos a
impressão de que nossa vontade está cansada, tamanho o cansaço percebido
na mente. Em última análise, entendemos que nós somos apenas as nossas
mentes, e por isso mesmo, quando sentimos que há desgaste, até nosso
poder de escolha parece ficar comprometido. A realidade é animadora:
somos muito mais que o corpo e a mente, e por meio da quietude e da
interiorização nós podemos reconhecer nossas potencialidades e
possibilidades ilimitadas.Trabalhar, estudar, interagir utilizando os
mais diversos meios e tecnologias resulta em cansaço para o corpo e,
principalmente, para nossa mente. Ao final de um dia podemos afirmar que
"nós estamos cansados", e por isso, indispostos para fazer escolhas,
para expressar qualquer desejo ou vontade, como que se a energia ou
combustível tivesse acabado. Nós, na realidade, não estamos cansados,
porém, nossa fantástica máquina corpo-mente está, sim, desgastada.
Perceber-se como ente existente e ser em relação com o meio em que se
encontra (físico e metafísico), através do veículo mente-corpo, é muito
revelador: nossa compreensão se amplia sobre nosso poder realizador e o
que podemos fazer por meio deste. Para tanto, o primeiro passo é
permitir que sua mente se acalme: os pensamentos fluem o tempo todo,
como que em uma conversação ininterrupta de várias vozes, e tentar
silenciar a mente por meio do esforço serve apenas para estimular ainda
mais esse fluxo. Resistir a esse fluxo é totalmente contraproducente,
pois, além da energia consumida pelo fluxo, soma-se a energia gasta para
resistir a ele.
Um modo
simples e totalmente praticável para silenciar a mente é aderir ao fazer
nada, ou seja, entregar-se sem nenhum tipo de resistência ao fluxo.
Considere que segura uma grande bacia com água: é preciso malabarismos
para manter a superfície da água serena e sem perturbações. Uma
superfície quieta, pacificada, não resulta da tentativa de equilibrar a
bacia e controlar os movimentos da água dentro dela. É preciso permitir
que a água repouse na bacia e que a própria bacia repouse, sem qualquer
tentativa de controle. Entenda a água como os pensamentos e a bacia como
a mente, e aceite o repouso, sem tentar resistir ao movimento da água
ou mesmo tentar controlá-lo. Ficar quieto, entregue, permite que a água
siga a tendência do repouso na bacia, ou, se considerar o fluxo do rio,
que as águas sigam harmoniosas, em seu curso.
A
pacificação convida à entrega e à não resistência. Que tal praticarmos?
Escolha um local quieto e que lhe seja agradável, em meio à natureza, à
cidade, ou na sua casa, e sente-se confortavelmente, relaxando o corpo e
permitindo que a mente se aquiete. Respire profundamente como que se na
inspiração o ar trouxesse as luzes mais belas do Universo para seu
sistema, e na expiração você liberasse aquilo que não precisa mais e que
vai para reciclagem. Deixe-se aquietar, faça nada, espere nada, deseje
nada, apenas se entregue ao momento e sinta-se acolhido pelo Todo que te
envolve. Sua mente vai se aquietando e os pensamentos vão ficando
desacelerados.
Se você quiser
dar alguns passos além em seu exercício de pacificação e interiorização,
pode acrescentar o exercício de concentração na sequência da prática
anterior: uma vez que a mente está pacificada, estabeleça o foco na
profundidade do seu próprio ser e se concentre em uma referência
agradável, como a chama de uma vela, uma bela flor, o brilho das
estrelas, ou concentre-se na sua própria presença como algo profundo,
interno e deliciosamente existente. Nessa prática de concentração há uma
espécie de movimento voluntário: quando a mente divagar, traga-a gentil
e carinhosamente ao foco e permaneça assim, concentrado por algum
tempo.
Para ir além da
concentração, caso você queira perceber ainda mais profundamente sua
existência, exercite na sequência a concentração no vazio. Funciona do
seguinte modo: perceba-se integrado a um todo sem limites, como se
estivesse a céu aberto, com nuvens se movendo gentilmente: você percebe o
céu sem limites sempre presente, e eventualmente uma suave e gentil
nuvem, que é o pensamento se expressando. Você não precisa saber a forma
da nuvem ou de que natureza é, o que importa é somente o suave e livre
movimento de eventuais nuvens, pois o que se revela presente e atrativo é
a integração com o céu sem limites, em serena união com a quietude e a
harmonia.
Permaneça com a
prática pelo tempo que lhe for possível, e utilize essa estratégia
diariamente, para que a tranquilidade e a quietude se tornem familiares a
você, e, desse modo, sua máquina corpo-mente possa ter uma expressiva
renovação, ficando totalmente perceptível que sua vontade não pode ser
comprometida por nada, afinal, expressa-se além da própria mente e
corpo. Sendo assim, valha-se de sua vontade e poder de escolha, e
assimile a vida ilimitada em cada inspiração. Os benefícios desses
exercícios são imediatos e também duradouros. Ótima meditação.
Um afetuoso abraço,
Marcelo Hindi - Psicoterapeuta Holístico
Fonte : http://claudiovelasco.ning.com/profiles/blogs/a-quietude-da-mente-praticas-renovadoras
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